PROJEÇÃO ASTRAL: A PROVA DEFINITIVA



O início

Desde muito pequena, adorava conhecer novas histórias, e antes de aprender a ler, minha professora do pré-primário costumava falar que quando conseguíssemos decifrar as letras impressas naquele papel enorme e colorido, nossa vida mudaria completamente. Era como se déssemos o primeiro passo para aprender por nós mesmos, sem precisar definir como verdade absoluta aquilo que nossos pais, amiguinhos e professores falavam. Eu poderia conhecer as histórias, ideias e teorias de pessoas que eu nem mesmo conhecia pessoalmente, e aquilo me fascinava. Primeiro, pela sensação de independência (na qual sou viciada), pois eu mesma poderia formar meus conceitos sem ter que aceitar que o Sol é uma carinha feliz cheia de risquinhos (como era desenhado nas ilustrações infantis), e sim descobrir que ele é a estrela que "alimenta" e dá vida ao nosso sistema planetário.

Lembro que, já alfabetizada e com cerca de 10 anos, me encantei por um livro da Zibia Gasparetto. Ele era da minha mãe. Sempre havia uma promoção dos livros dessa autora em uma revista que a gente lia lá em casa, então pelo menos uns 3 livros da Zibia nós tínhamos. Se não me engano, o primeiro que li foi "Ninguém é de Ninguém". Só o título do livro já me chamou a atenção, pois era algo que sugeria um sentimento de libertação, desapego, o contrário ao que eu via ao meu redor desde pequena: cenas de ciúme em novelas, crimes passionais cometidos por pessoas que diziam "amar demais", relatos de depressão por não aceitar o final de um relacionamento, etc, tudo gerado pelo sentimento de posse. O desenho da capa tinha uma arte bonita, a fonte era grande, o que deixava a leitura leve e fácil. A parte gráfica desse livro era realmente impecável. Mas o melhor ficava com a história. Interessante, citava várias referências sobre um outro mundo além do que enxergamos com os olhos físicos, e como esse mundo exercia influência imediata em nós. 

Curiosa como sempre, comecei a pesquisar sobre as referências que o livro citava, e logo deparei com a Doutrina Espírita e sua união de razão+fé aliada à crença da reencarnação, coisa que tinha ouvido falar ainda muito pequena, enquanto a novela A Viagem fazia sucesso na TV, mas não entendia nada. Fiquei completamente encantada pelo Espiritismo, e li 3 dos 5 livros da Codificação em menos de um mês. Hoje sinto que devorei de forma inconsequente tanta informação que eu não estava preparada para entender, muito menos assimilar e aplicar na prática todo aquele conhecimento. Eu estava fascinada com a descoberta de que há um mundo além do que nossos olhos podem ver, e que já posso ter nascido nesse mesmo mundo (ou em outros!) muitas e muitas vezes.

Tornei-me, então, uma "espírita não-praticante", que gostava cada vez mais de ler psicografias e Kardec, mas no dia a dia ainda tinha as típicas crises da adolescência, brigava com a mãe, o namorado, ficava irritada quando me contrariavam, era preguiçosa pra arrumar meu quarto, etc. Isso se deu por aproximadamente 10 anos, que foi quando comecei a ter contato realmente consciente com a projeção astral. 

Disse consciente porque desde os 12 anos eu tinha as terríveis paralisias do sono durante a madrugada, porém não tinha ideia de que era um sintoma de projeção. Eu não via relação nenhuma com a espiritualidade naquele fenômeno, a não ser por pensar que pudessem ser ataques de espíritos obsessores que tentassem possuir ou prejudicar meu corpo físico durante o sono. Eu morria de medo, imóvel, rezava vários pai-nossos desesperada, lutando para me libertar da incômoda sensação de ter a consciência ativa no plano físico e ainda assim ouvir os sons do plano espiritual, o corpo lá, prontinho para "decolar" mas completamente paralisado e sem o comando mental para sair. É claro que eu já tinha lido no Livro dos Espíritos algumas questões que falavam sobre desdobramento, mas jamais associaria minha horripilante experiência com algo que parecia tão bonito quanto "a liberdade que o espírito usufrui quando está temporariamente livre dos grilhões da carne, através do sono".

Primeira vez

Foi assim até meus 21 anos de idade, eu odiava a experiência da paralisia e já tinha receio de dormir a cada 15 ou 20 dias, que era quando acontecia o que hoje conheço como catalepsia projetiva. Vez ou outra tinha alguns sonhos esquisitos, onde parecia que eu voava e uma vez (em 2010, com 17 anos) sonhei que me via dormindo e encontrava meu recém falecido padastro dentro de casa, mas atribuí a experiência à imensa saudade que tinha dele, acreditava que os sonhos eram produto de meu subconsciente já lotado (overdose de leitura e pensamentos, dos mais variados possíveis).

Muito bem, era um dia como outro qualquer, e eu já estava cansada de sentir medo ao abrir os olhos e perceber que não conseguia me mexer. Acordei de madrugada e já veio a familiar sensação de peso no peito, músculos endurecidos, vozes falando ao meu redor, etc. Fiquei um pouco irritada dessa vez e pensei com firmeza: agora chega desse medo irracional. Na hora, meu corpo voltou a responder aos meus comandos, levantei da cama e comecei a fazer uma pesquisa na internet sobre o assunto. Nem que levasse horas eu conseguiria alguma resposta.

Coloquei os sintomas na barra de pesquisa (paralisia dos membros, sensação de peso no corpo, alucinações sonoras, visuais, etc). Encontrei primeiramente a explicação científica do fenômeno, que é a de que o corpo automaticamente fica paralisado como defesa durante o sono, pra que não executemos as ações que fazemos durante os sonhos (como levantar e sair andando, os sonâmbulos fazem isso porque falta uma substância X no cérebro que regula o sono que é justamente essa que causa a tal paralisia).  "Hmm, faz sentido", cheguei a pensar, mas porque isso ocorria tão periodicamente comigo há anos se eu não tinha nenhum problema com sonambulismo? Como explicar as vozes e imagens que eu via durante a catalepsia? Continuei a pesquisa, agora com um foco mais místico, encontrei histórias sobre sonhos lúcidos e como as pessoas que tiveram a paralisia conseguiram sair dela imaginando-se descolar do corpo para sair voando, ou imaginar que estavam mergulhando na água, por exemplo.

Resolvi tentar. Voltei a dormir naquela mesma noite torcendo pra ter a tal paralisia. Nada. Fiquei frustrada e pela primeira vez em quase duas décadas, torcia pra sentir a "coisa" que tanto me aterrorizava até então. Finalmente, umas duas semanas após eu ter lido essa técnica de escapar da paralisia, aconteceu. Acordei no meio da madrugada, abri os olhos mas não consegui me mexer. Até respirar estava difícil, aquela seria uma das brabas. Lembrando da técnica, me concentrei e pensei no mar. Fechei os olhos e visualizei meu corpo boiando em águas tranquilas e mornas. Para minha surpresa e total espanto pude sentir a nítida sensação de que a cama estava encharcada de água, e mexia os braços como se realmente estivessem flutuando na água. Resolvi ousar e imaginar que estava voando: o corpo todo começou a vibrar com força e ouvi um barulho tão alto, que eu parecia estar em uma turbina de avião (era a danadinha da glândula pineal trabalhando, mas nem sonhava o que seria aquilo). Fiquei com medo, e perdi a liberdade de movimentos de novo.

Comecei a raciocinar que toda vez que sentia medo, perdia o controle dos meus movimentos, e se aquilo acontecia há quase 10 anos e eu não tinha morrido ou virado a Emily Rose até agora, não seria ali que ia começar. Suavemente, dei um comando mental: eu quero acordar. PUF! Na hora, recobrei meus movimentos e abri os olhos.

Se antes eu encarava aquilo que acontecia comigo como loucura, perseguição demoníaca ou até alguma doença psicológica, agora tinha se tornado um objetivo pesquisar e descobrir tudo o que pudesse sobre o assunto, nem que passasse o resto da vida estudando. Pesquisei, encontrei finalmente o termo "viagem astral" e fui fundo nas técnicas. A primeira que usei foi a da bola de energia percorrendo todo o corpo da cabeça aos pés, subindo e descendo, visualizando que dava vários "choques" no meu corpo até descolar o corpo astral do físico. Existem muitas técnicas para induzir a projeção da consciência, muitas delas podendo ser encontradas na internet, então é preciso pesquisar bem e ver qual se adapta melhor para cada um.

Tive minha primeira projeção lúcida em uma tarde de sábado, em Fevereiro de 2015. Foi tão real e certinha (no sentido de controlar a saída e a volta ao corpo, a descoberta da sensação maravilhosa do vôo, o encontro com outras consciências desencarnadas, etc) que eu não tive mais dúvidas de que aquela era a prova definitiva de que existia uma outra dimensão, um outro mundo além desse, e que era possível interagir e aprender com ele.

A aquela altura, já tinha relacionado a experiência com espiritualidade, conheci o trabalho de pessoas como Saulo Calderon, Wagner Borges, Nanci Trivellato, Robert Monroe, William Bulhman, etc. Para minha infinita tristeza, encontrei pouquíssimas referências sobre o assunto na Doutrina Espírita, minha base até então sobre qualquer assunto relacionado à espiritualidade. Quando o abordei pela primeira vez com espíritas "da gema" - kardecistas mais tradicionais - recebi uma resposta cautelosa, de que deveria ter cuidado com essas experiências, pois não era considerada um tipo de mediunidade, então não tínhamos bases espíritas para discutir o tema. Foi aí que algo dentro de mim mudou, pois o contato com a projeção astral me fez entender que ela acontece com pessoas das mais diferentes religiões e doutrinas, e até mesmo com quem se considera ateu. Isso me colocou em contato com simpatizantes do budismo, umbanda, hinduísmo, e até mesmo com muitos evangélicos que antes eu (erroneamente) julgava como hipócritas de mente fechada. Assim como eu, eles também estavam procurando entender o assunto sem, em nenhum momento, desrespeitar as crenças do outro.

Continuo tendo bases espíritas, mas aprendi a conhecer e admirar outras religiões, pois afinal de contas na maioria delas, seja ocidental, oriental, africana, etc, pode-se encontrar a essência que alerta a nos tornarmos pessoas melhores seguindo certos preceitos. A única diferença é que  elas muitas vezes discordam entre si de tais preceitos, é nesse ponto que a religião se torna um estopim para a desunião entre os humanos.

Foi nessa época também que conheci todo aquele movimento norte-americano tão famoso conhecido como "New Age", de onde saem frutos como Louise Hay, Rhonda Byrne, Brian Weiss (esse, psiquiatra renomado que nos mostrou  uma versão mais científica da reencarnação) e afins. Um mundo completamente novo se descortinava para mim, parecia que o que tinha começado com Zibia Gasparetto, Nosso Lar e Violetas na Janela tinha tomado um aspecto universal. Quando palavras como Eu Superior, Cordão de Prata, Projeciologia e tantas outras chegaram aos meus ouvidos, pensei que fosse enlouquecer com tanta informação e conhecimento, e como um assunto leva ao outro, vamos conhecendo pessoas que até acabam fazendo parte das nossas vidas e se tornando amigos por ter esse interesse em comum.

E depois?

Hoje em dia depois de quase 2 anos tendo, pelo menos uma vez ao mês, alguma experiência com o "lado de lá", seja dando umas voltinhas com o psicossoma/perispírito/corpo astral por aí ou tendo tímidas experiências com clariaudiência (ouvir espíritos), posso dizer que sentir na pele - literalmente - a dimensão astral é algo que muda completamente uma vida, e tudo o que a gente acha que sabe. O saldo é totalmente positivo? Óbvio que não. Com a consciência de que realmente não estamos sozinhos e que toda ação gera uma reação, que suas palavras (até mesmo pensamentos!) criam automaticamente sua realidade - sim, meus caros, uma vez ao sair do corpo sei lá o porquê comecei a pensar em aranhas, até que uma enorme se materializou à minha frente - nos faz repensar cada ato, pensamento, e palavra que vai ser emitida de nós por saber que tudo é matematicamente calculado e debitado em nossas "comandas reencarnatórias" ao longo da vida, muito do valor acumulado sendo cobrado antes mesmo de retornarmos à pátria espiritual.

O preço de adquirir um pouco dessa consciência é muito caro, pois não é mais possível se omitir sabendo que há, sim, uma realidade espiritual, e que isso aqui não passa de uma escola em que nos matriculamos para ter uma nova chance de não repetir os mesmos erros do passado. Você pode pensar: mas eu tenho culpa de coisas que eu fiz e nem me lembro? Isso é justo? Como vou ser espiritual e amar o próximo sabendo que posso sair para a rua e ser assaltado? Como ver seres como ditadores, genocidas, estupradores, bandidos, corruptos e tantas outras pérolas da Terra como nossos irmãos, também espíritos em evolução que se matricularam na mesma escola que nós, com a diferença de que usaram tão mal a reencarnação e o poder que lhes foi dado ao ponto de, deliberadamente, prejudicar e causar sofrimento ao seu próximo? E quando o sofrimento é infringido a nós mesmos, então! Que absurdo pensar que tenho que amar e perdoar o chefe que me demitiu, a namorada que me traiu, o parente que me prejudicou, o bandido que levou o carro que custou tanto trabalho para comprar! 

Agora vamos pensar no mundo contemporâneo. Tudo é aparência, tudo é status. Todo ano somos obrigados a atualizar nossos celulares, carros, roupas, conseguir um emprego/salário melhor e tudo o que faz parte da imagem que passamos ao outro. As pessoas tem cada vez mais ataques de pânico e ansiedade, quando não mescladas à depressão. Nós matamos uns aos outros por dinheiro e poder. Estupramos, roubamos, escravizamos seres de nossa própria espécie, machucamos e extraímos cada vez mais da natureza que, impassível, continua produzindo o fruto que nos alimenta e o ar que nos faz respirar. Sujeitamos os animais aos nossos desejos primitivos de devorarmos seus corpos, e essa cultura nos é apresentada tão cedo que se torna altamente difícil (e às vezes financeiramente inviável) cortar esse hábito bárbaro de comer cadáveres de outros seres vivos - admiro quem já consegue fazer isso, eu ainda acho difícil não comer carne - apenas para satisfazer o prazer de nosso paladar. 

Ao pensar em tudo isso e ainda aliar o conceito de que estamos exatamente onde precisamos estar, por tudo funcionar em sintonia, dá até vergonha pensar que fomos atraídos para reencarnar em um lugar tão triste e sujo. Os que dizem viver na espiritualidade mas usam-na de muleta para inflar o ego, costumam dizer que estão aqui exclusivamente para ajudar o progresso e "promoção" do planeta Terra, atual planeta de Provas e Expiações, para o tão sonhado mundo de Regeneração. É claro que temos seres que, de tempos em temos, encarnam em missão (sendo Jesus um deles, o mais ilustre), e a passagem que deixam é histórica. Figuras como Gandhi, Martin Luther King, Chico Xavier, Irmã Dulce, Sidarta Gautama (o Buda), além de outros nomes que vem para deixar não só lições e avanços morais, mas também científicos, já que a evolução precisa ser moral, intelectual e espiritual para ser completa. Pois é, se até os que tem conhecimento do assunto têm tal ideia sobre si mesmos e se preocupam pouco (ou quase nada) em olhar para dentro e analisar suas faltas, seus vícios, conhecer sua sombra e como lidar com ela, não julgar ou hostilizar quem pensa diferente (seja por torcer para um time diferente, ter outra religião, defender ferrenhamente uma posição política contrária à sua, ter uma orientação sexual diferente, etc), imagina se esses serão os que conduzirão a Terra a se tornar um lugar melhor do que é hoje?

Novas percepções

Sim, pode parecer que fugi um pouco do tema, que no fundo é projeção astral, mas é fato que tudo se relaciona. Hoje em dia temos mais sorte do que há pouco mais de 150 anos, quando a revelação espírita, através da codificação de Allan Kardec, pôde revelar ao Ocidente que existe uma realidade além da física, e que dá sim pra unir fé e ciência, fé e razão, fé além dos dogmas e repetições ritualísticas que as religiões haviam se transformado, perdendo sua essência com o passar dos séculos. Se em 150 anos, avançamos a ponto de ter abertura cada vez maior de um tema que na Antiguidade era digno dos complexos e secretos rituais esotéricos de iniciação, significa que de alguma forma estamos progredindo. Somos dignos de conhecer mais coisas, a quantidade cada vez maior de pessoas que  dizem se ver dormindo, ou que acordam no meio da noite sem conseguir se mexer e que tiveram sonhos "fantásticos, muito reais, em que voava ou parecia controlar o que acontecia", é a demonstração disso.

A liberdade e frequência que esse tema da projeção astral tem tido é um presente, uma "colher de chá" para nos mostrar, MAIS UMA VEZ (como se já não tivéssemos provas o suficiente) que a vida nesse pálido ponto azul que paira no Universo não é a única existente. Que sua existência  não se resume ao trabalho, às brigas com a família, aos problemas financeiros, às pessoas que partem seu coração, preces decoradas esperando um lugar de descanso (ou temendo o tormento) perpétuo.

Não se trata de julgar os outros por não acreditarem no que você acredita, de esperar um salvador que te absolva de algo que nem você admite e encara. O sentido de tudo isso é aprender com cada uma das dinâmicas que regem o que hoje chamamos de "vida civilizada" (se você está lendo isso é porque tem ou teve acesso à internet e sabe ler, então pressuponho que faça parte dessa civilização moderna), a fim de aprendermos observando, por vezes sofrendo mesmo, pois somos tão cabeça-duras que não raro precisamos perder algo ou sofrer um trauma violento para aprender a lição ensinada em cada adversidade.

Hoje em dia, é difícil definir uma constância para as experiências fora do corpo, muitas pessoas que descobrem o tema acreditam que é só fechar os olhos, fazer 20 ou 30 minutos de técnica e PUF, vão sair do corpo e ir voando até Paris pra conhecer a Torre Eiffel. Também pensam que lutarão em duríssimas batalhas no astral, saindo como heróis e salvando diversos irmãos umbralinos em sofrimento. Ou mesmo têm a ideia de espiar o "crush" dormindo logo na primeira saída consciente. Sim, é claro que dá pra conhecer outros lugares enquanto projetado, inclusive fora da Terra. Também é possível auxiliar em amparos. E é óbvio que, se você pode mover seu corpo por onde quiser e o pensamento é combustível na dimensão astral, dá pra visitar quem você bem quiser. Só que sair do corpo e fazer exatamente o que quer exige tempo, esforço e muita, muita técnica.

É fácil se perder na névoa em que se misturam criações mentais (onirismo) e realidade. É bem provável sair do corpo e se ver consciente em uma zona sexual do astral, é até mesmo normal não conseguir nem sair do quarto, atravessar as paredes e começar a ter sonhos enquanto projetado, a visão ficar embaçada, os movimentos ficarem lentos, ser enganado ou atacado por alguma consciência extrafísica. Isso acontece com muitas pessoas que se projetam, inclusive há tempos. Eu então, que comecei a exercitar os "músculos astrais" há pouco mais de um ano, ainda me confundo demais com as experiências e mesmo as anotando e relendo diversas vezes quase todas, fica difícil encontrar um padrão nelas e o que realmente significaram, ou até que ponto meu cérebro físico foi capaz de  registrar o que aconteceu no astral e consegui lembrar. 

Ainda tenho falhas, fases ruins. Semanas em que tenho certeza de que aprontei no astral, pois acordo com aquele sentimento estranho de que passei a noite toda brigando ou fazendo as mais bizarras experiências com outros seres, por vezes acho que quando saio do corpo alguns espíritos tem mais medo de mim do que eu deles, pois me lembro claramente de uma vez ter atacado com muita fúria um ser que quis me sugar energia quando estava projetada. Uma das coisas mais impactantes da projeção é que você se vê como realmente é: ali não há como colocar uma máscara e agir diferente do que pensa: se você pensar em sacanagem, pode estar em uma palestra ilustre e cheia de ricos ensinamentos espirituais, ou mesmo no meio de um amparo que na hora vai ser jogado diretamente em algum lugar mais compatível com a energia que está emitindo, como um "bordel astral" ou algo do tipo (sim, esses lugares existem!).

A dica é: seja consciente da realidade que vive e pense, criticamente, se você tem aplicado o que sabe sobre a espiritualidade ou se a tem usado como muleta para o seu ego. Ou mesmo se está conhecendo o tema agora e ainda não tenha definido em quê acredita ou porque quer se projetar: você está estudando e se esforçando pra ter a experiência MESMO? Já se perguntou o porquê quer se projetar? Está preparado para sair da zona de conforto que o véu de Maya lhe colocou até hoje, e mais importante ainda, pronto para admitir que algo existe além do que consegue enxergar enquanto está acordado?

A maior prova que podemos ter que o astral existe é perambular por ele ainda estando vivo aqui, é interagir com outras consciências, sentir e ver seu corpo se deslocando e saindo do físico. É experimentar a liberdade absurda de se deixar levar pelo vôo, sentir orgulho de si quando puder ser útil lá do outro lado. Ver como é lindo poder transitar e observar as paisagens desse belo (apesar de difícil) planeta quando acordado no físico, mas também saber que é possível conhecer outras dimensões. Constatar que é um ser imortal e de infinitas possibilidades, e que nenhum problema, por mais grave que pareça ser, é eterno. Não é estímulo o bastante para continuar estudando, observando os progressos e se tornando cada vez mais consciente da realidade espiritual e tudo o que ela pode mudar em você?

Siga em frente, tire suas dúvidas sempre que possível, leia bastante sobre o tema, de preferência obras de vários autores diferentes e não tome nada como verdade absoluta, nem mesmo esse texto. Tenha as próprias experiências para, só então, começar a formar seus conceitos.

Até a próxima, amigos.


PS: Não deixe de conhecer outros conteúdos do blog, sinta-se à vontade para deixar sugestões nos comentários!

Comentários

  1. Me identifiquei MUITO com os primeiros parágrafos do seu texto.. muito mesmo. Tenho hj 21 anos, desde meus 12, 13 eu tive centenas de episódios de paralisia, alguns tranquilos, alguns aterrorizantes. Já tive algumas poucas experiências em q eu realmente me vi fora do corpo, mas com lucidez muito baixa, quando acordava lembrava delas como se fosse um sonho. Nunca consegui induzir esses estados, quase sempre acontece de manhã cedo e de forma involuntária. Já tentei meditar, deitar e esperar alguma coisa acontecer mas nada. Como vc fez pra sair do corpo com lucidez pela primeira vez? Usou alguma técnica específica, já tava trabalhando nisso por um tempo, ou foi num desses episódios de paralisia involuntários?

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  2. Que bom que se identificou com o texto, me lembro até hoje de como era ruim sentir aquela angústia e desespero nos momentos de catalepsia.

    Quando me projetei pela primeira vez, usei uma técnica que chamo de "bola de energia" falo sobre ela no primeiro post sobre projeção desse blog (clica na tag "Projeção Astral" e procura um texto chamado: falando de projeção astral.

    Hoje em dia é raro eu ficar em catalepsia/paralisia, geralmente desperto a consciência no meio de um sonho ou saio espontaneamente após algumas técnicas combinadas que me ajudam energeticamente e aumentam a lucidez.

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  3. Texto muito interessante. Tive algumas experiências parecidas e cheguei a algumas conclusões próximas as suas.

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  4. Parabéns! Projeção é tudo de bom ;)

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